27.4.08

desse dia

Virada do avesso a partida inconfundível de almas que se bifurcam
o cenário azul e branco de céu de manhã
a rua deserta feita amarela pelas pernas dos passantes
e todos viram olhos abertos que estavam
a imundície
a podridão do mundo
e viram mais
e viram o amor
e viram o amor
e viram o amor
a virar as ruas atrás de sensações prazeres
a tornar os copos em botecos baratos cheirando a cachaça
e bocas que beijam e se calam
cama, calma, canto, quarto
tato
pele
mãos
dedos
olhos
ouvidos
nucas
cheiros
posições
tudo sonhava
ao relento os cristais
água feito cachoeira
pra tirar a poeira
dos carros sonoros
ela pega um cigarro e diz xau
ele olha e diz sim
ela vai
braços desprendem do teto do ônibus
uma queda
um cabelo de menina do interior deslumbrado com o cabelo de menina da cidade
malas
zunidos
alumínio
aço
concreto
borracha
silício
menos silêncio
silêncio
silêncio.
sinais
pontos de descida e subida
partir
partir
partida.


Renálide carvalho

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