20.4.07


Dionísio desvirgina mocinhas no ônibus de Bayeux

Olhava para ele como quem apressado vai no ônibus ao meio-dia e da janela avista uma goiaba madurinha : um convite ao festim. Ele, em riste, fazia questão de pôr a mão na catraca quando as pessoas passavam.
Ela revirava-se com a língua fazendo voltas em torno da boca, um fogor entre as pernas. Um círculo de libido os envolvia a tal ponto que não viam mais nada embora nem se olhassem. Ela só pensava em trepar, coitada, desde criancinha( ouvia os gemidos do quarto dos pais). Ele, um velho , rabujento, com unha do último dedo da mão saliente.
E ela pensava, quase gemendo, naquela unha arranhando seu púbis, e depois aqueles dedinhos descendo e escorregando e pensou na língua e em como seria o pau e mais não digo porque se falar a musa goza antes da hora. Nesse naipe ia a viagem da moça, até que sua amiga falou: menina, estás onde, juízo gasto? Chegou nossa parada! (o cobrador ajeitando discretamente o zíper da calça.)
Enquanto Virgínia descia as escadas do ônibus, caía por entre as pernas dela o pingo secreto do coito dos dois. Depois de sacar do bolso um lencinho e enxugar a testa e os cantos da boca, seguiu viagem o cobrador, satisfeito por haver cumprido seu dever de macho da espécie.
Renálide Ducarvalho

1 comentário:

Edna Marinho disse...

Muito bom!
Temática cotidiana, e rapidão!
Atenção apenas para o excesso coloquial...