18.3.07

Para a Poesia

Para não dizer que não falei das flores, venho ,um pouco atrasada, escrever sobre poesia, cujo dia foi 14 de março.Eita, tarefa difícil essa, mesmo pra quem vive uma relação um tanto íntima com ela. Só que relação mais instável não pode existir porque poesia é bicho fugidio, às vezes se esconde atrás da geladeira e, enquanto a gente se abaixa pra pegá-la, ela se arrasta, de mansinho, até e o fogão. E anda a cozinha e a sala e o banheiro e anda a casa inteira e, por mais esforço, por mais esperteza que a gente tenha, é difícil detê-la.
Isso é infinitamente angustiante para o poeta,porque ele nunca sabe quando ela quererá desabrochar para ele. Há dias que,já de manhã, ela acorda nua, acordando o poeta, que louco, vai vestir-lhe com papel e caneta e coração em explosões de alegria.
Há dias que ela não desperta, fica de bode. Nada de conversa com ninguém.Ela é tão livre, mas tão livre que não agüenta essa história de ir pra escola, pra reunião partidária,fazer dever de casa, entregar panfleto na lagoa, essas coisas ela até faz,mas só quando quer. A poesia é desbocada, fala o que dá na telha, mas se alguém quer que ela se cale,pensa que ela cala? Nada , arranja um jeito todo outro,original de falar a mesma coisa que não deixaram. Já Platão havia expulsado ela da república, por causa de um medo assim que ele tinha sabe? medo de coisa tão arisca, tão tempestuosa! Mas, tão ingênuo, ás vezes, Platão era tomado pela poesia, e escrevia assim personagens como Sócrates. Ela agia e ele nem via. Melhor assim, imagina: Platão descobre que não consegue expulsar a poesia de suas veias, quiça da república. Num ato de desespero, diante de sua impotência,tomou um livro de poemas, se envenenou e se jogou do Areópago!( Jornal Ateniense, data não informada) Pode?
A poesia é feita de todas as coisas, do cílio que pisca em pedacinhos de segundos, das águas de uma enchente nas favelas de São Paulo, da dor que a gente sente quando ama e quando não.
Poesia fala de morte, de vida, de gente , de bicho, de pedra, de mar, de alma, de cor. Poesia é tudo que , de repente, aparece pra gente com um jeitinho de descoberta. poesia é o que faz a gente vê.
Vai, poesia, clareia o mundo.
Vai , poesia, anda com teus pêlos soltos e teus olhos de águia por cima de nós!
Vai levanta-te e olha por nós.
A fantasia de cada dia, dai-nos. A cada um segundo a sua necessidade. E se der poesia, não sei se é pedir muito: Instaura teu reino entre nós!

2 comentários:

Mauricio Babilonia disse...

Massa demais teu blog, velho.
sou Daniel, amigo de Marcia, e mais novo estudante de letras, 07/1! hehehe

até mais ver! =)

Anónimo disse...

Sim, minha amiga, nossos textos dialogam.
Gostei muitíssimo dos teus questionamentos no subtexto, muito parecidos com os meus.
Enfim, somos indagadores natos, não? rsrs

Abração e Parabéns pela lucidez.