17.8.06

Saudades do meu pato Railander

A que ponto chegamos, meu Deus!
Vou lhes contar uma história de arrepiar o espinhaço e de entristecer os mais tiranos corações. Eu tinha um patinho que era quase um santo, vivia pelo meu quintal. Railander não comia, não bebia, ele nunca passou mal. Quando ele chegou lá em casa os vizinhos disseram que pato era pra comer peixe. Veja só! A gente não tinha quase o que comer ia lá dar peixe pra pato. Parece até brincadeira. Só sei que Railander continuava a viver. Olhe que ele era alegre. O danado corria, corria, corria tanto que a gente ficava com as pernas bambas querendoalcançar ele.
Railander era a alegria da rua, dava até exemplo para os menininhos que ficavam chorando de fome nos arredores de nossa casa. Era mesmo. Quando os meninos choravam com fome, as mães diziam:- Mas que chororô mais besta, olhem Railander, o pato do vizinho, o bichinho nem come nem bebe e não reclama com seu ninguém nem vive choramingando pelos cantos!
Era uma alegria que só vendo o nosso pato, um exemplo de resignação. Era um santo, meu Deus. Pois agora é que vou vos contar a desgracença. Olhem só: Não é que dois pivetinhos da rua, dizem que cheio de droga no côco, roubaram meu pobre patinho. Não termina por aí não. Fizeram um assado do bichinho. Minha nossa sinhora, como tem gente ruim nesse mundo!

Sem comentários: